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Bandeiras de países, ilhas independentes, províncias e territórios ( clique nos nomes)

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Portugal

Oceânia e Ilhas do Pacifico

REIS E RAINHAS e PRESIDENTES de PORTUGAL

D. Afonso Henriques

Filipe I Manuel de Arriaga

D. Sancho l

Filipe II Teófilo Braga
D. Afonso II Filipe III Bernardino Machado
D. Sancho II D. João IV Sidónio Pais
D. Afonso IIID. Afonso VI João do Canto e Castro
D. DinisD. Pedro II António José de Almeida
D. Afonso IV D. João V Manuel Teixeira Gomes
D. Pedro I D. José I Mendes Cabeçadas
D. Fernando I D. Maria I Gomes da Costa
D. João I D. João VI António Carmona
D. Duarte D. Pedro IV Craveiro Lopes
D. Afonso V D. Miguel Américo Tomás
D. João II D. Maria II António de Spínola
D. Manuel I D. Pedro V Costa Gomes
D. João III D. Luís Ramalho Eanes
D. Sebastião D. Carlos

Mario Soares

D. Henrique D. Manuel II

Jorge Sampaio

D. António

Anibal Cavaco Silva

D. Filipe ll - ( 1598 - 1621 ) parte 2.º




Filipe II " O Piedoso" (1598-1621)- Filipe III de Espanha
Esta garantias foram, no entanto, esquecidas por Filipe II ( III de Espanha 1598-1621) e completamente violadas por Filipe III (IV de Espanha, 1621-40).
Os ressentimentos dos Portugueses contra o governo Espanhol aumentaram pela falha desses reis em visitar Portugal, e indicarem Espanhóis para os assuntos Portugueses, e a diminuição do comércio consequente das guerras estrangeiras da Espanha, e no aumento dos impostos para pagar essas mesmas guerras.
Em 1624 os holandeses tomaram a Baía no Brasil, mas foram expulsos numa expedição Portuguesa e Espanhola (1625). Mas em 1630 ocuparam Pernambuco e as suas terras do açúcar, que mantiveram quase uma geração.
Visitou Portugal no final do seu reinado, em 1619, e quis assistir aqui a touradas e autos de fé. Casou com D. Margarida da Áustria, também conhecida por Margarida de Gratz ou Graetz, de quem nasceu o seu sucessor. Governou Portugal e a Espanha desde 1598 até 1621.

O Amazonas passa a domínio Português
Imensa zona florestal de cerca de 5 milhões de Km2. A maior parte da amazónia situa-se no Brasil mas também faz parte de outros países como a Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia. Esta enorme mancha florestal é composta por zonas de floresta virgem, tornando-se numa importante reserva ecológica conhecida como o pulmão do mundo. Indissociável da história da amazónia está o seu rio, o Amazonas, que, desde cedo, despertou o interesse dos europeus, nomeadamente dos espanhóis e portugueses. Os primeiros europeus que o alcançaram foram provavelmente marinheiros espanhóis. Sabe-se que os portugueses chegaram ao estuário do amazonas por volta de 1503, uma vez que este foi assinalado nas cartas de J. Reinel e Lopo Homem.
Em 1616 foi construído pelos portugueses o Fortim do Presépio, tendo estes começado, a partir de então, a ocupar esta zona.


Filipe III " O Grande" (1621-1640) - Filipe IV de Espanha
O golpe final, foi o plano de Conde Duque de Olivares (1640), de usar tropas portuguesas contra os Catalães que estavam igualmente descontentes. Duas revoltas Portuguesas, em 1634 e 1637, não chegaram a ter proporções perigosas, mas em 1640 o poder militar Espanhol ficou reduzido pela guerra com a França e a revolta na Catalunha.
O ministro Francês, Cardeal de Richelieu, tinha agentes em Lisboa, e encontrou um líder em João II, duque de Bragança, neto da duquesa Catarina (sobrinha de João III), cujas reclamações ao trono tinham sido vencidas em 1580 por Filipe II de Espanha.
Aproveitando-se da vantagem da falta de popularidade do governador, Margarida de Sabóia, Duquesa de Mantua e do seu secretário de estado Miguel de Vasconcelos, os líderes do partido da independência conduziram uma revolução nacionalista em 1 de Dezembro de 1640. Vasconcelos foi praticamente a única vítima; as guarnições espanholas saíram para Espanha; e em 15 de Dezembro de 1640 o duque de Bragança foi coroado rei como D. João IV ( 1640-56).
D. Filipe III (IV da Espanha) casou com D. Isabel de Bourbon, filha do rei da França. Depois de viúvo, não sendo já rei de Portugal, casou em segundas núpcias com D. Maria Ana da Áustria


D. João IV

D. João IV
D. João IV
quadro no Palácio de Vila Viçosa




Filho de D. Teodósio, duque de Bragança e de D. Ana Velasco, casou em 1633 com D. Luísa de Gusmão, espanhola da casa de Medina Sidónia.
Já em 1638, os conjurados da Revolução de 1640 tinham procurado obter a aceitação de D. João para uma revolta contra Espanha. Mas as hesitações, ou cautelas, do
duque fizeram levantar a hipótese de se conseguir o regresso do infante

D. Duarte, solução que falhou, tendo-se mesmo encarado a instauração de

uma república, nos moldes da das Províncias Unidas.
A verdade é, que depois da sua aclamação como rei a 15 de Dezembro de 1640, todas as hesitações desapareceram e D. João IV fez frente às dificuldades com um vigor que
muito contribuiu para a efectiva restauração da independência de

Portugal. Da actividade global do seu reinado, deveremos destacar o

esforço efectuado na reorganização do aparelho militar - reparação das

fortalezas das linhas defensivas fronteiriças, fortalecimento das

guarnições, defesa do Alentejo e Beira e obtenção de material e reforços

no estrangeiro; a intensa e inteligente actividade diplomática junto das

cortes da Europa, no sentido de obter apoio militar e financeiro,

negociar tratados de paz ou de tréguas e conseguir o reconhecimento da

Restauração; a acção desenvolvida para a reconquista do império

ultramarino, no Brasil e em Africa; a alta visão na escolha dos

colaboradores; enfim, o trabalho feito no campo administrativo e

legislativo, procurando impor a presença da dinastia nova.
Quando morreu, o reino não estava ainda em segurança absoluta, mas D. João IV tinha-lhe construído umas bases suficientemente sólidas para vencer a crise.
Sucedeu-lhe D. Afonso VI, seu segundo filho.
Ficha genealógica:
D. João IV nasceu em Vila Viçosa, a 19 de Março de 1604 e morreu em Lisboa, a 6 de Dezembro
de 1656, tendo sido sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora. Era

filho de D. Teodósio II, 7 ° duque de Bragança, e de sua mulher, D. Ana

de Velasco. Do seu casamento, celebrado em 12 de Janeiro de 1633, com D.

Luísa Francisca de Gusmão, que nasceu em San Lucar de Barrameda, a 13 de

Outubro de 1613, e morreu em Lisboa a 27 de Outubro de 1666, filha do 8

° duque de Medina-Sidónia, D. Juan Manuel Pérez de Guzman, e da duquesa

D. Joana de Sandoval, nasceram:
1. D. Teodósio, que nasceu em Vila Viçosa a 8 de Fevereiro de 1634 e morreu
em Lisboa, a 13 de Maio de 1653. Foi 9 ° duque de Bragança e príncipe do

Brasil, em 1645;
2. D. Ana, que nasceu em Vila Viçosa, a 21 de Janeiro de 1635 e morreu no mesmo dia;
estando enterrada no Convento das Chagas daquela vila;

3. D. Joana, que nasceu em Vila Viçosa a 18 de Setembro de 1635 e morreu em
Lisboa, a 17 de Novembro de 1653; sepultada no Mosteiro dos

Jerónimos e mais tarde trasladada para o Mosteiro de S. Vicente de

Fora;

4. D. Catarina, que nasceu em Vila Viçosa, a 25 de Novembro de 1638 e morreu em
Lisboa, a 31 de Dezembro de 1705. Foi sepultada no Mosteiro dos

Jerónimos e mais tarde trasladada para o Mosteiro de S. Vicente de

Fora. Foi rainha de Inglaterra pelo seu casamento, em 1661, com o

Carlos II, rei de Inglaterra, que morreu em 16 de Fevereiro de 1685;

5. D. Manuel, que nasceu em Vila Viçosa, a 6 de Setembro de 1640 e faleceu no mesmo
dia, tendo sido sepultado no Convento de S. Francisco daquela vila;

6. D. Afonso VI, que herdou a coroa;
7. D. Pedro II, que sucedeu ao precedente;
Teve D. João IV uma filha ilegítima, de mãe desconhecida:
8. D. Maria, que nasceu em Lisboa, a 30 de Abril de 1644, e morreu em Carnide,
a 7 de Fevereiro de 1693, no Convento de S. João dos Carmelitas

Descalços. Foi reconhecida pelo progenitor, o qual lhe fez mercê

das vilas de Torres Vedras e Colares e dos lugares de Azinhaga e

Cartaxo, tendo-se dado à vida religiosa.


D. Afonso VI

D. Afonso VI
D. Afonso VI




Rei de Portugal.
Sexto filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão.
Atacado na infância por doença não identificada, fica mental e fisicamente diminuído. Com a morte de seu irmão D. Teodósio e de seu
pai, sobe ao trono com treze anos, pelo que a regência ficou entregue a

sua mãe. O rei foi crescendo, rebelde a toda a acção educadora, levando

uma vida desregrada e manifestando-se perfeitamente incapaz para assumir

as responsabilidades do governo.
Um dos seus companheiros, na vida de arruaceiro que levava, António Conti, italiano de origem, insinuou-se-lhe de tal maneira que em breve passou a
viver no Paço, a convite de D. Afonso VI e a ter influência nos negócios

do governo do reino. O escândalo aumentou a um ponto que D. Luísa de

Gusmão fez jurar herdeiro do trono o infante D. Pedro e António Conti

foi preso. Logo a seguir, o conde de Castelo Melhor executa um golpe de

Estado, compelindo D. Luísa a entregar o governo a D. Afonso VI e

forçando-a a retirar-se para um convento.
Nas boas graças do rei, Castelo Melhor lança-se na sua curta a brilhante carreira política, terminando vitoriosamente com a guerra da Restauração
e conseguindo casar D. Afonso com Mademoiselle de Aumale. Em breve a

nova rainha entra em conflito com Castelo Melhor.
Giza-se nova conspiração no paço, de que resulta a demissão do conde e a abdicação de D. Afonso VI. D. Pedro toma as rédeas do poder, casa com a
cunhada, depois da anulação do casamento desta com D. Afonso e este

último é desterrado para Angra do Heroísmo em 1669, donde regressa em

1674, sendo então encerrado no Palácio de Sintra até à sua morte.
Ficha genealógica:
D. Afonso VI nasceu em Lisboa, a 12 de Agosto de 1643 e morreu em Sintra, a 12 de Setembro de 1683, tendo sidosepultado no Mosteiro dos Jerónimos e
trasladado para o Mosteiro de S. Vicente de Fora. Casou em 1666 com D.

Maria Francisca Isabel de Sabóia, que nasceu em Paris, a 21 de Junho de

1646, e morreu em Lisboa, a 27 de Dezembro de 1683, estando sepultada na

igreja do Convento das Francesinhas e trasladada em 1912, para o

Mosteiro de S. Vicente de Fora, filha de Carlos Amadeu de Sabóia, duque

de Nemours, e de Isabel de Vendôme. Morreu sem descendência.




D. Pedro II

D. Pedro II
D. Pedro II




Último dos sete filhos de D. João IV, quarto na ordem de sucessão, nascido em 1648, foi
vigésimo terceiro rei de Portugal e o terceiro da Dinastia de Bragança,

pelo imperativo duma solução política de emergência na mais grave

conjuntura das primeiras décadas da Restauração, tão recente como ainda

periclitante.
Um signo funesto parecia pesar sobre os destinos da nascente dinastia. Não desistia o
orgulho da Espanha de eliminá-la radicalmente por guerra de reconquista.

Consumira-se o fundador, exausto na luta, sem ter podido consolidá-la.

Por cúmulo, três anos antes da sua morte, falecera-lhe em 1653, aos 19

anos de idade, o primogénito, príncipe D. Teodósio, em quem seu pai

fundava as melhores esperanças. Ficava-lhe por sucessor, ainda menor de

13 anos, o infante D. Afonso, com os defeitos que o incompatibilizavam

com o exercício da realeza e as consequências políticas da sua doentia

inferioridade, a principal das quais foi o golpe de estado que elevou à

situação de primeiro-ministro, aparentemente na modesta designação de

escrivão da puridade do monarca, mas na função efectiva de verdadeiro

soberano, o conde de Castelo Melhor.
Entretanto em 1666, para assegurar-lhe a sucessão e o apoio do poderoso Luís XIV, o
diligente ministro negociara o casamento de D. Afonso VI com uma

princesa de França, Mademoiselle d'Aumale, D. Maria Francisca Isabel de

Sabóia, sobrinha de Luís XIV e neta de Henrique IV. E foi esse o único

acto imprudente do sagaz político, tão fatal para a desgraça do rei,

como para os seus próprios planos ambiciosos duma política de

engrandecimento do Reino. Realizado em 1666, resultou o casamento

irreparavelmente desastroso, dada a incapacidade física e moral do rei.

Foi praticamente o detonador da segunda revolução de palácio, em 1667,

encabeçada agora pelo infante D. Pedro, com o apoio de todos os inimigos

de Castelo Melhor, invejosos da sua fortuna política.


Educada na dissoluta corte de Versalhes, a nova e formosa rainha D. Maria Francisca, vexada
por tal consórcio, apaixonou-se pelo brilhante cunhado D. Pedro, de 18

anos. Nos seus delituosos amores, ambos conluiaram novo golpe político.

Em certa manhã de Novembro de 1667, a rainha abandonava o Paço e, de

concerto com o infante D. Pedro, refugia-se no Convento da Esperança,

aonde logo ele acorria a seu favor, com o Conselho de Estado; e, depois

de tumultos vários, o rei era coagido a assinar a sua própria deposição

e entrega do governo do Reino a seu irmão, o qual, em nome da rainha,

assumia o poder como príncipe-regente, desterrando para os Açores o

irmão destronado e, depois de rápido e escandaloso divórcio, casava com

a cunhada em Abril de 1668, dela tendo logo em Janeiro do ano seguinte a

sua primeira e única filha, a princesa D. Isabel Luísa.

Consumara-se a dupla usurpação do trono e da mulher.
Assim dramaticamente, com 20 anos apenas, começava D. Pedro, em 1668, a sua atribulada vida
política. Defrontava-se de entrada com a gravíssima situação económica e

financeira do Portugal restaurado, arruinado por vinte e oito anos de

guerra sem tréguas, depois dos sessenta de estragos directos e

indirectos do domínio filipino.
Resolutamente se esforçou desde logo o usurpador por administrar bem, com acerto,
chamando ao Conselho, para conjurar a crise, um escol de homens notáveis

pela cultura e pelo carácter, como Diogo Rodrigo de Macedo, o 3.º conde

da Ericeira, D. Luís de Meneses, e outros economistas, homens cultos,

informados já pelas novas teorias económicas fisiocráticas de Colbert,

grande ministro das Finanças de Luís XIV.
Nada, porém, remediavam de momento as suas tentativas de reformas drásticas, por
inoperantes em pais tão devastado pela guerra, desfalcado de população

produtiva, com as lavouras ao abandono, sem indústrias fabris e

inveteradamente viciado no gozo falaz da. ilusória opulência do comércio

do Oriente, já reconhecidamente ruinoso para o Estado e para a Nação

desde os tempos de D. João III e Pêro de Alcáçova Carneiro.

Restava à Metrópole, como esteio económico, o Brasil, com sua próspera actividade,
agro-industrial de plantações e engenhos de açúcar, exportação de

pau-brasil e outras madeiras e produtos exóticos, além da intensiva

pesquisa de minas de ouro e prata que se presumia existirem a oeste,

como nos sertões do Peru e da Bolívia, próximos em continental

continuidade. No afã de se acudir por todos os meios à ameaça duma

bancarrota à vista, recorria-se ainda complementarmente à valorização

económica dos domínios de África. Em 1678 tentava-se uma colonização

militar em Moçambique, para fixação de colonos e exploração agrícola, e

desenvolvia-se na fertilíssima região da Zambézia um símile de

capitanias donatárias, à semelhança das do Brasil, com as concessões de

terras, a que se deu a designação oficial de prazos da Coroa. Na Guiné,

em Cabo Verde, em Angola, que praticamente viviam do tráfico de

escravatura, incrementava-se por meios adequados o fomento agrícola e

comercial, criando companhias de comércio privilegiadas, como as de

Cacheu e Cabo Verde e outras, disseminando feitorias e povoações

comerciais nas zonas mais populosas de Angola e Moçambique.

Tudo, porém, pouco mais do que inútil. Progressivamente se agravavam a penúria e decadência
material da Metrópole, sob a regência de D. Pedro, cujo reinado legítimo

só propriamente começara em 1683, por morte do irmão proscrito, sem

descendência, na sua prisão-desterro do Paço de Sintra, para onde viera

transferido dos Açores (ilha Terceira), depois de malograda, pela

execução dos cabecilhas, a conjura de 1673, para o libertar e repor no

trono.

De perto o seguiu no túmulo, ainda nesse ano, a própria rainha D. Maria Francisca, sua
ex-mulher, sem outros herdeiros além da infanta D. Isabel Luísa. Já rei

de facto, proclamado em Cortes, D. Pedro II casava, em segundas núpcias,

com D. Maria Sofia de Neuburgo, princesa bávara do Palatinado do Reno,

que em 1689 lhe assegurava a sucessão da coroa em varão herdeiro dando à

luz o príncipe D. João, depois D. João V, logo como tal proclamado, em

substituição da princesa Isabel Luísa, das primeiras núpcias, falecida

pouco depois, aos 22 anos de idade.

Nesse mesmo ano de 1690 a situação agravava-se com o suicídio do 3.0 conde da Ericeira, seu
vedor da Fazenda, numa crise aguda de neurastenia, exacerbada pela

inanidade da sua sábia administração desde 1675 e de todos os seus

planos da criação de indústrias fabris para ressurgimento da Metrópole

em sólidas bases económicas. Era o sinal de alarme duma inevitável ruína

financeira a curto prazo, que arrastaria possivelmente a própria Nação à

catástrofe duma desagregação política, precursora de definitiva absorção

por Espanha. De resto, já mesmo em 1683, ano da proclamação do rei em

Cortes, era tão patente e generalizada a previsão dessa fatalidade que o

próprio D. Pedro II chegara a encarar seriamente o propósito de

renunciar à coroa e retirar para o Brasil, abdicando na filha D. Isabel

e em quem viesse a ser seu marido. Dissuadiram-no dessa espécie de

deserção o confessor e o seu conselheiro secreto, sem que por esse facto

se desanuviassem as perspectivas do pessimismo que havia levado ao

suicídio o seu mais ilustre vedor da Fazenda. Em 1685, cedia enfim ao

acto de generosidade de autorizar o regresso de Castelo Melhor, já velho

e sem veleidades políticas.
Nesse destino lúgubre se teria talvez afundado, com a dinastia, a sobrevivência da Nação, se
nos fins do século não tivesse providencialmente chegado à corte a

alvoroçada notícia da descoberta de minas de ouro e brilhantes no

Brasil, a coroarem de pleno êxito as exaustivas e pertinazes incursões

do bandeirismo paulista nas selvas e sertões a oeste do imenso e

inexplorado estado americano.
Como o rendimento fiscal da Coroa era desde logo o quinto da mineração, a primeira remessa
de 1699 trazia a D. Pedro, além de 11000 quilos de ouro amoedado, o

valor de sete milhões de cruzados, na transacção de brilhantes em

Amesterdão; e até final do reinado o quinto devido à Coroa orçaria por

cerca de cinco milhões de cruzados.
Era uma ressurreição de desvairantes esperanças! Considerados desnecessários, e logo
abandonados, todos os planos de sadia reformação económica por

exploração metódica das próprias riquezas da Metrópole, e por isso

também já despiciendo, por supérfluo, o acordo comercial negociado com

Inglaterra em 1703, conhecido por Tratado de Methuen. Era, aliás, de

vantagens problemáticas para a nossa economia a colocação dos nossos

vinhos em Inglaterra, mas substancial para esta a colocação entre nós de

seus lanifícios. O fortuito caudal de ouro e pedras preciosas do Brasil

tudo viria suprir e sanar sem mais cuidados para o futuro da dinastia.

Ter-lhe-ia, pois, terminado em glória o tormentoso reinado sem a aventura militar em que
por fim precipitava o Reino, acedendo a pressões inglesas para se

imiscuir também, como aliado, no imbróglio inextricável da Guerra de

Sucessão de Espanha, em que rigorosamente não se pleiteavam vitais

interesses materiais ou políticos para a Nação, nem mesmo a defesa do

seu território ou da honra nacional, que, pelo contrário, ficavam sob a

permanente ameaça das contingências duma guerra, sempre imprevisíveis.

Aderindo à tripla aliança anglo-austro-holandesa contra o bloco bourbónico
franco-espanhol, D. Pedro obrigava-se, por acordo de 1703, a fornecer

aos aliados um exército de 28 000 homens e, pior que tudo, à cedência do

próprio território pátrio para teatro de operações, como a melhor base

estratégica de invasão da Espanha.
Favorável de começo a campanha, pelos êxitos efémeros do exército do marquês das Minas na sua
marcha e entrada triunfal em Madrid (1706), evoluiria em breve

desastrosamente para os aliados, depois da sua decisiva derrota na

batalha de Almansa, em Espanha (1707), a que se seguiu a contra-ofensiva

espanhola sobre Portugal, em cujas fronteiras, forçosamente

desguarnecidas, a batalha do Caia foi outra--derrota para o exército

anglo-português.
Em suma, por sua morte, em 1706, o rei, cognominado Pacífico, deixava ao sucessor, com
várias praças do Alentejo ocupadas por espanhóis, o encargo de liquidar

uma guerra inglória e dispendiosa que, no reinado seguinte, se

arrastaria por mais seis anos e de que a única vantagem positiva para a

Nação, pelo Tratado de Paz de Utreque, ratificado em 1713 com a França e

em 1715 com a Espanha, viria a ser a de se ter salvo, ao menos, a

integridade dos seus domínios do Ultramar.

Em reinado de tão tumultuária política interna e externa, a actividade cultural da Nação
não sofreu, todavia, o colapso ou afrouxamento que seria de esperar,

quer na expressão literária, em que fulgurara o talento dum António

Vieira, mestre e renovador da língua, quer nas artes plásticas, pintura

religiosa e arquitectura religiosa e civil, em que o barroquismo

seiscentista, com toda a sua sobrecarga de decoração ornamental, teve

entre nós e no Brasil o seu período áureo e de carácter tão

inconfundivelmente nacional como o manuelino, no século XVI.

Ficha genealógica:
D. PEDRO II nasceu em Lisboa, a 26 de Abril de 1648, e faleceu em Lisboa a 1 de Dezembro de 1706; tendo dido sepultado no Mosteiro de S. Vicente de
Fora. Do seu primeiro casamento, com a cunhada D. Maria Francisca Isabel

de Sabóia, teve:
1. D. Isabel Luísa Josefa (n. em Lisboa, a 6 de Janeiro de 1668; f. no palácio de Palhavã, a 21 de Outubro de 1690; sepultada no Convento das
Francesinhas, erigido por sua mãe, e transladada para o Mosteiro de S.

Vicente de Fora). Foi herdeira presuntiva do Reino entre 1668 e 1689,

tendo-se malogrado o projecto de consórcio com Vítor Amadeu de Sabóia.

Do segundo casamento de D. Pedro II, com D. Maria Sofia de Neuburg (n. em Brewath, a 6 de Agosto de 1666; f. em Lisboa, a 4 de Agosto de 1699; sepultada no
Mosteiro de S. Vicente de Fora), filha de Filipe Guilherme de Neuburg,

eleitor palatino do Reno, e de sua mulher Isabel Amália, nasceram os

seguintes filhos:
2. D. João (n. em Lisboa, a 30 de Agosto de 1688; f. em 17 de Setembro seguinte; sepultado em S. Vicente de Fora);
3. D. João, que herdou o trono;
4. D. Francisco Xavier José António Bento Urbano (n. em Lisboa, a 25 de Maio de 1691; f. na quinta das Gaeiras, em Óbidos, a 21 de Julho de
1742; sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora). Foi 7 ° duque de

Beja, grão-prior do Crato e senhor do Infantado. Morreu solteiro e sem

descendência.
5. D. António Francisco Xavier José Bento Teodósio Leopoldo Henrique (n. em Lisboa, a 15 de Março de 1695; f. em Lisboa, a 20 de Outubro de 1757;
sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora). Morreu solteiro e sem

descendência;
6. D. Teresa Maria Francisca Xavier Josefa Leonor (n. em Lisboa, a 24 de Fevereiro de 1696; f. em Lisboa, a 16 de Fevereiro de 1704; sepultada no
Mosteiro de S. Vicente de Fora);

7. D. Manuel José Francisco António Caetano Estêvão Bartolomeu (n. em Lisboa, a 3 de Agosto de 1697; f. na quinta de Belas, em igual dia de
1736; sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora). Morreu solteiro e

sem descendência;
8. D. Francisca Josefa (n. em Lisboa, a 30 de Janeiro de 1699; f. na mesma cidade, em 15 de Julho de 1736; sepultada no Mosteiro de S. Vicente de
Fora). Morreu solteira.
Fora dos dois consórcios, D. Pedro II teve os seguintes filhos:
9. D. Luísa (n. em Lisboa, a 9 de Janeiro de 1679; f. em Évora; a 23 de Dezembro de 1732; sepultada no Convento de S. João Evangelista, dos
cónegos seculares da mesma cidade), filha de D. Maria da Cruz

Mascarenhas. Foi criada na família do secretário de estado Francisco

Correia de Lacerda, e depois no Mosteiro de Carnide, junto de sua tia D.

Maria (veja-se supra, 1, 8). Casou com D. Luís e, em seguida, com D.

Jaime de Melo, respectivamente, 2 ° e 3 ° duques de Cadaval.

10. D. Miguel (n. em Lisboa, a 15 de Outubro de 1699; f. afogado no Tejo, a 13 de Janeiro de 1724; sepultado no Convento de S. José de Ribamar),
filho da francesa Ana Armanda Du Verger. Foi reconhecido por D. João V

como seu irmão e casou em 1715 com D. Luísa Casimira de Nassau e Ligne,

herdeira da casa de Arronches.
11. D. José (n. em Lisboa, a 6 de Maio de 1703; f. em Ponte de Lima, a 3 de Junho de 1756; sepultado na sé arquiepiscopal de Braga), filho de D.
Francisca Clara da Silva, foi aluno da Universidade de Évora e ali

obteve o grau de doutor em Teologia. Arcebispo de Braga em 1739, foi

sagrado em 5 de Fevereiro de 1741 e entrou naquela sé em 23 de Julho

seguinte.

D. João V


D. João V

D. João V




Filho de D. Pedro II e de Maria Sofia de Neubourg, foi aclamado rei em 1707.

Quando inciou o reinado, estava-se em plena Guerra da Sucessão de Espanha, que para Portugal significava o perigo da ligação daquele país à grande potência
continental que era a França. No entanto, a subida ao trono austríaco do

imperador Carlos III, pretendente ao trono espanhol, facilitou a paz que

foi assinada em Utreque, em 1714. Portugal viu reconhecida a sua

soberania sobre as terras amazónicas e, no ano seguinte, a paz com a

Espanha garantia‑nos a restituição da colónia do Sacramento.

Aprendeu D. João V com esta guerra a não dar um apreço muito grande às questões europeias e à sinceridade dos acordos; daí em diante permaneceu inalteravelmente fiel
aos seus interesses atlânticos, comerciais e políticos, reafirmando

nesse sentido a aliança com a Inglaterra. Em relação ao Brasil, que foi

sem dúvida a sua principal preocupação, tratou D. João V de canalizar

para lá um considerável número de emigrantes, ampliou os quadros

administrativos, militares e técnicos, reformou os impostos e ampliou a

cultura do açúcar. Apesar disso, Portugal entra numa fase de

dificuldades económicas, devidas ao contrabando do ouro do Brasil e às

dificuldades do império do Oriente.

A este estado de coisas procura o rei responder com o fomento industrial, mas outros problemas surgem, agora de carácter social: insubordinação de nobres, quebras de
discipliana conventual, conflitos de trabalho, intensificação do ódio ao

judeu. Por outro lado, o facto da máquina administrativa e política do

absolutismo não estar de maneira nenhuma preparada para a complexidade

crescente da vida da nação, só veio agravar as dificuldades citadas.

Culturalmente, o reinado de D. João V tem aspectos de muito interesse. O barroco manifesta-se na arquitectura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria,
com grande riqueza. No campo filosófico surge Luís António Verney com o

Verdadeiro Método de Estudar e, no campo literário, António José

da Silva. É fundada a Real Academia Portuguesa de História e a ópera

italiana é introduzida em Portugal.

Ficha genealógica:

D. João V, nasceu em Lisboa, a 22 de Outubro de 1689, recebendo o nome de João Francisco António José Bento Bernardo, e
faleceu em Lisboa, a 31 de Julho de 1750, tendo sido sepultado no

Mosteiro de S. Vicente de Fora. Casou em 9 de Junho de 1708 com D. Maria

Ana de Áustria (nasceu. em Linz, a 7 de Setembro de 1683; morreu no

Palácio de Belém, a 14 de Agosto de 1754; sendo sepultada no Mosteiro de

S. João Nepomuceno, dos Carmelitas Descalços Alemães, de onde o seu

coração foi levado para a Alemanha, filha do imperador Leopoldo I e de

sua terceira mulher Leonor Madalena. Do casamento nasceram:

1. Maria Bárbara Xavier Leonor Teresa Antónia Josefa (n. em Lisboa, a 4 de Dezembro de 1711; f. em Madrid a 27 de
Agosto de 1758; sepultada no Convento das Salesas Reales, da mesma

cidade). Casou em 1729 com D. Fernando, príncipe das Astúrias, que subiu

ao trono de Espanha como Fernando VI;

2. D. Pedro (n. em Lisboa, a 19 de Outubro de 1712; f. na mesma cidade, a 29 de Outubro de 1714). Foi príncipe do
Brasil;

3. D. José, que sucedeu no trono;

4. D. Carlos (n. em Lisboa, a 2 de Maio de 1716; f. em Lisboa, a 30 de Março de 1730). Teve o título de infante;

5. D. Pedro Clemente Francisco José António (n. em Lisboa, a 5 de julho de 1717; f. no Paço da Ajuda, a 25 de Maio de
1786). Foi príncipe do Brasil e, pelo casamento com a sobrinha D. Maria

I, veio a ser o rei consorte D. Pedro III.

6. D. Alexandre Francisco José António Nicolau (n. em Lisboa, a 24 de Setembro de 1723; f. a 2 de Agosto de 1728).

Fora do casamento, teve D. João V os seguintes filhos:

7. D. Maria Rita, filha de D. Luísa Clara de Portugal, que nasceu e morreu em data que se ignora. Foi monja do
Convento de Santos, em Lisboa, e conhecida como a «Flor de Murta»;

8. D. António (n. em Lisboa, a 1 de Outubro de 1704; f. na capital, a 14 de Agosto de 1800; sepultado no claustro do S.
Vicente de Fora), filho de uma francesa e um dos três «Meninos de

Palhavã», por ter sido criado neste palácio. Foi reconhecido em 1742,

tendo obtido o grau de doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra.

Esteve desterrado no Buçaco, por ordem de Pombal, de 1760 a 1777.

9. D. Gaspar (n. em Lisboa, a 8 de Outubro de 1716; f. em Braga, a 18 de janeiro de 1789), filho de D. Madalena Máxima
de Miranda. Foi o segundo «Menino de Palhavã». Exerceu o múnus de

arcebispo de Braga, de 1758 à data da sua morte;


10. D. José (n. em Lisboa, a 8 de Setembro de 1720; f. na mesma cidade, a 31 de Julho de 1801; sepultado no Mosteiro
de S. Vicente de Fora), filho da Madre Paula, freira em Odivelas.

Chamado o mais jovem «Menino de Palhavã», foi doutor em Teologia pela

Universidade de Coimbra e inquisidor-mor em 1758. Esteve desterrado no

Buçaco, com seu irmão D. António, de 1760 a 1777.



D. José I


D. José I

D. José I


Filho de D. João V, sucedeu a seu pai em 1750.

Quando subiu ao trono, D. José I tinha à sua disposição os mesmos meios de acção governativa que os seus antecessores do século XVII, apesar do
progresso económico realizado no país, na primeira metade do século

XVIII.

Esta inadaptação das estruturas administrativas, jurídicas e políticas do país, juntamente com as condições económicas deficientes herdadas dos
últimos anos do reinado de D. João V, vai obrigar o monarca a escolher

os seus colaboradores entre aqueles que eram conhecidos pela sua

oposição à política seguida na reinado anterior.

Diogo de Mendonça, Corte Real Pedro da Mota e Silva e Sebastião José de Carvalho e Melo passaram a ser as personalidades em evidência, assistindo-se de
1750 a 1755 à consolidação política do poder central e ao reforço da

posição do marquês de Pombal, com a consequente perda de importância dos

outros ministros.

Uma segunda fase, de 1756 a 1764, caracteriza-se pela guerra com a Espanha e a França, pelo esmagamento da oposição interna - expulsão dos Jesuítas,
reforma da Inquisição e execução de alguns nobres acusados de atentarem

contra a vida do rei, entre os quais o duque de Aveiro e o marquês de

Távora -, e pela criação de grandes companhias monopolistas, como a do

Grão-Pará e Maranhão e a das Vinhas do Alto Douro.

Uma terceira fase, até 1770, é marcada por uma grande crise económica e, até final do reinado, assiste-se à política de fomento industrial e
ultramarino e à queda económica das companhias monopolistas brasileiras.


Todo o reinado é caracterizado pela criação de instituições, especialmente no campo económico e educativo, no sentido de adaptar o País às grandes
transformações que se tinham operado. Funda-se a Real Junta do Comércio,

o Erário Régio, a Real Mesa Censória; reforma-se o ensino superior, cria-se

o ensino secundário (Colégio dos Nobres, Aula do Comércio) e o primário

(mestres régios); reorganiza-se o exército. Em matéria de política

externa, D. José conservou a política de neutralidade adoptada por seu

pai. De notar ainda, o corte de relações com a Santa Sé, que durou 10

anos.



Ficha genealógica:

D. José I nasceu em Lisboa, a 6 de Junho de 1714, recebendo o nome de José Francisco António
Inácio Norberto Agostinho, e morreu no Palácio da Ajuda, a 24 de

Fevereiro de 1777, tendo sido sepultado no Mosteiro de S. Vicente de

Fora. Casou em 19 de Janeiro de 1729 com D. Mariana Vitória (n. em

Madrid, a 31 de Março de 1718; f. no Palácio da Ajuda, a 15 de Janeiro

de 1781; sepultada no mesmo Panteão), filha de Filipe V, rei de Espanha,

e de Isabel Farnésio, sua segunda mulher. Do consórcio nasceram:

1. D. Maria I, que sucedeu no trono;

2. D. Maria Ana Francisca Josefa (n. em Lisboa, a 7 de Outubro de 1736; f. no Rio de
Janeiro, a 16 de Maio de 1813; sepultada no Convento do Desagravo do

Santíssimo Sacramento, em Lisboa);

3. D. Maria Francisca Doroteia (n. em Lisboa, a 21 de Setembro de 1739; f. na mesma
cidade, a 14 de Janeiro de 1771; sepultada no Mosteiro de S. Vicente de

Fora);

4. D. Maria Francisca Benedita (n. em Lisboa, a 25 de Julho de 1746; f. na mesma
cidade, a 18 de Agosto de 1829; sepultada no Panteão de S. Vicente de

Fora). Casou em 21 de Fevereiro de 1777 com o seu sobrinho D. José,

príncipe da Beira, que teria sido rei de Portugal se a morte o não

levasse prematuramente.

D. Maria I


D. Maria I

D. Maria I


Filha primogénita de D. José I. Foi aclamada rainha em Maio de 1777. Por sofrer de doença mental foi afastada dos negócios públicos em princípios de 1792, tendo o príncipe
D. João tomado conta do governo em nome de sua mãe até 1799, ano em que

passou a governar em seu próprio nome, com o título de Regente.

Nascida em 1734, recebeu logo o título de "Princesa da Beira", passando com a ascensão ao trono do pai, em 1750, a ser chamada "Princesa do Brasil". Casou em 1760 com o seu tio D. Pedro de quem
enviuvou.

A animosidade que sempre existiu entre os príncipes do Brasil e o marquês de Pombal e o desejo deste de ver D. Maria renunciar ao trono em favor de seu filho D. José, não permitiram à futura rainha
que se familiarizasse com os assuntos políticos. No entanto sente-se que

três preocupações absorveram o seu espírito desde os primeiros tempos do

seu reinado: reparar as "ofensas" a Deus, moralizar a vida pública e

governar em certos campos de uma forma mais progressiva.

Perdoou aos criminosos do Estado que lhe pareceram dignos desse acto. Aceitou o pedido de escusa do marquês de Pombal de todos os seus cargos mas manteve-lhe os seus honorários de secretário de
Estado.

Quando D. Maria subiu ao trono era delicada a nossa posição em política internacional: guerra com a Espanha no Brasil; situação difícil perante o conflito entre a Inglaterra e as colónias
americanas. Em relação ao primeiro problema, procurou desde logo a

rainha um entendimento com a Espanha, o que deu origem aos Tratados de

Santo Ildefonso, de Outubro de 1777, tratado preliminar de delimitação

das zonas portuguesa e espanhola na América do Sul, e do Prado assinado

em Março de 1778. A solução do segundo tornou-se mais difícil quando a

França e a Espanha apoiaram as colónias revoltadas. Na impossibilidade

de tomar partido aberto por qualquer dos beligerantes procurou obter a

neutralidade, o que aconteceu em Julho de 1782, com a assinatura da

convenção marítima com a Rússia, e a aceitação da Neutralidade Armada,

não sem dificuldades que o governo português conseguiu vencer com certa

diplomacia.

A actividade legislativa é notável, sobretudo no que diz respeito à gestão económica. Puseram-se restrições ao monopólio da Companhia do Vinho do Porto. Foi suprimida a Companhia do Grão-Pará e
Maranhão; criada a Junta da Administração de todas as fábricas deste

Reino e Águas Livres. Impulsionou novas manufacturas. Assinou um

tratado de amizade, navegação e comércio com a Rússia. A exportação do

vinho do Porto desenvolveu-se largamente.

Também no seu tempo se deu um impulso à cultura tendo-se procedido à criação de numerosas instituições, como: a Real Academia das Ciências de Lisboa, Aula Pública de Debucho e Desenho, no Porto, e a
Aula Régia de Desenho de Lisboa. Fundou a Academia Real de Marinha e a

Real Biblioteca Pública de Lisboa. Criou Hospitais no Brasil e na

metrópole. Criou a lotaria para alargar os serviços da Misericórdia de

Lisboa.

Uma das suas medidas mais importantes é a fundação da Real Casa Pia de Lisboa, obra de Pina Manique.

Ficha genealógica:

D. Maria I nasceu em Lisboa, a 17 de Dezembro de 1734, recebendo o nome de baptismo de Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana, e faleceu no Rio de Janeiro, a 20 de Março de
1816, estando sepultada na Basílica da Estrela.

Casou em 6 de Junho de 1760 com o seu tio, o infante D. Pedro, que era príncipe do Brasil e veio a ser, pelo casamento, o rei consorte D. Pedro III.

Do casamento nasceram:

1. D. José, príncipe da Beira e duque de Bragança. Nasceu no Paço da Ajuda, em 20 de Agosto de 1761, e faleceu no mesmo Paço a 11 de Setembro de 1788; está sepultado no Panteão de S.
Vicente de Fora. Casou com a tia D. Maria Francisca Benedita;

2. D. João, infante de Portugal. Nasceu e faleceu em 1763, sendo sepultado no mesmo panteão);

3. D. João VI, que sucedeu no trono;

4. D. Maria Clementina. Nasceu em Lisboa, em 1774 e faleceu na mesma cidade em 1776, estando sepultada em São Vicente de Fora;

5. D. Maria Isabel. Nasceu em Queluz, em 23 de Dezembro de 1766, faleceu em Lisboa, em 1777, e jaz no mesmo panteão;

6. D. Mariana Vitória Josefa. Nasceu em Queluz, a 15 de Dezembro de 1768; faleceu em Madrid, a 2 de Novembro de 1788). Casou com Gabriel António Francisco Xavier de Bourbon, infante de
Espanha, tendo havido descendência.

D. João VI


D. João VI

D. João VI




Filho de D. Maria I e de D. Pedro III, casou em 1785 com D. Carlota Joaquina, Infanta de Espanha, filha de Carlos IV e de Maria Luísa de Parma.

A partir de 1792, assegurou a direcção dos negócios públicos, devido à doença mental da mãe, primeiro em nome da rainha, a partir de 1799, em nome próprio com o título de Príncipe Regente, sendo
aclamado rei em 1816. O seu reinado decorre numa época de profundas

mutações à escala mundial e à escala nacional: Revolução Francesa e a

consequente guerra europeia, Bloqueio Continental, campanha do Rossilhão,

guerra com a Espanha e a perda de Olivença, invasões francesas, fuga da

corte para o Brasil onde permaneceu durante 14 anos, revolução liberal e

a independência do Brasil. Foi a derrocada de um mundo e o nascimento de

outro, mudança que D. João VI não quis ou não soube compreender.

Fugindo para o Brasil perante a invasão de Junot, o monarca terá querido manter a colónia brasileira em poder de Portugal. Isto significou, no entanto, a dependência em relação à Inglaterra, com
a imposição da abertura dos Portos brasileiros ao comércio internacional

e com o tratado anglo-luso de 1810, desastroso para a economia

metropolitana. Além disso, a presença da corte no Brasil impulsionou a

independência deste país, o que se veio a verificar em 1822.

Em 1821 o rei é forçado a regressar a Portugal, devido ao triunfo da revolução de 1820 e, em 1822, jura a constituição, que vigoraria apenas durante alguns meses. Seguem-se a Vila-Francada em 1823
e a Abrilada em 1824, movimentos absolutistas encabeçados por D. Miguel.

Vencido e expatriado D. Miguel, D. João VI consagra os últimos anos do seu reinado a tentar resolver o problema brasileiroe, por altura da sua morte, em 1826, sonhava ainda com a reunião dos dois
países na pessoa de um só soberano, sem se aperceber que o Brasil teria

de seguir o seu destino americano e Portugal o seu destino europeu.

Ficha genealógica:

D. João VI nasceu em Lisboa, a 13 de Maio de 1767, recebendo o nome de João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael, e faleceu no Palácio da Bemposta, na mesma
cidade, a 10 de Março de 1826, estando sepultado no Mosteiro de São

Vicente de Fora.

Casou em 1785 com D. Carlota Joaquina, que nasceu em Aranjuez, a 25 de Abril de1775, e faleceu no Palácio de Queluz, a 7 de Dezembro de 1830, estando sepultada no mesmo Panteão. Era filha de
Carlos IV, rei de Espanha, e de Maria Luísa Teresa de Parma.

Do casamento nasceram:

1. D. Maria Teresa. Nasceu no Palácio da Ajuda, a 29 de Abril de 1793 e faleceu em Trieste a 17 de Janeiro de 1874.Casou em 13 de Maio de 1810, no Rio de Janeiro, com o seu primo D. Pedro
Carlos António de Bourbon e Bragança, que faleceu em 26 de Maio de 1812;

e, em segundas núpcias, em 1838, com o seu cunhado e tio, o infante D.

Carlos Maria Isidro, duque de Madrid e conde de Montemolin e Molina, que

em 1834 enviuvara da infanta D. Maria Francisca de Assis (ver 5.)

2. D. António Pio. Nasceu no Palácio de Queluz, a 21 de Março de 1795, foi príncipe da Beira e faleceu a 11 de Junho de 1801;

3. D. Maria Isabel. Nasceu no Palácio de Queluz, a 19 de Maio de 1797, faleceu em Madrid a 29 de Novembro de 1818, estando sepultada no Mosteiro de Escorial. Casou em 1816 com o rei D.
Fernando VII de Espanha, seu tio, que já enviuvara de D. Maria Antónia

de Bourbon y Lorena, princesa de Nápoles;

4. D. Pedro IV, que sucedeu no trono;

5. D. Maria Francisca de Assis. Nasceu no Palácio de Queluz, em 22 de Abril de 1800, faleceu em Gosport, em Inglaterra, a 4 de Setembro de 1834, estando sepultada na capela-mor da igreja
católica da mesma cidade inglesa. Casou em 1816, com o seu tio, D.

Carlos Maria Isidro, infante de Espanha, falecido em 1815;

6. D. Isabel Maria. Nasceu no Palácio de Queluz, a 4 de Julho de 1801; faleceu em Benfica, a 22 de Abril de 1876, estando sepultada no Panteão de S. Vicente de Fora. Nunca casou, tendo sido
regente do reino, de 6 de Março de 1826 a 26 de Fevereiro de 1828. Após

a vitória da causa liberal manteve-se afastada da vida política;

7. D. Miguel, infante, regente do Reino de 1826 a 1828 e depois rei, de 1828 a 1834, que segue;

8. D. Maria da Assunção. Nasceu no Palácio de Queluz, a 25 de Junho de 1805; faleceu em Santarém a 7 de Janeiro de 1834; sepultada na Igreja do Milagre, de Santarém, e depois no Panteão
de São Vicente de Fora.

9. D. Ana de Jesus Maria. Nasceu no Palácio de Mafra, a 23 de Outubro de 1806, e faleceu em Roma, em 22 de Junho de 1857. Casou em 5 de Dezembro de 1827 com o 2.º marquês de Loulé.

D. Pedro IV



D. Pedro IV




Segundo filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, a morte de seu irmão primogénito, D. António, encaminhou-o para a herança da coroa
de Portugal.

A sua infância decorreria em ambiente carregado, entre o instável ambiente familiar e os acontecimentos sociais e políticos, desde os ecos da
Revolução Francesa, às ameaças napoleónicas, culminando pela fuga da

corte para o Brasil perante as invasões francesas (1807). Contava então

9 anos de idade e a sua educação decorreu à rédea solta, sem estudos

sistemáticos. Sofria de epilepsia, elemento de grande importância a

considerar na compreensão da sua personalidade. Educado sem «luzes

excessivas», os anos depressa lhe atribuem funções cada vez mais

elevadas.

No Brasil casou com a arquiduquesa Leopoldina de Áustria, de quem teve dois filhos: D. Maria da Glória (1819) e D. Pedro (1825). A partir da
revolução liberal portuguesa de 1820, os acontecimentos, quer no Brasil

quer em Portugal, atropelam-se em ritmo acelerante para o feitio de D.

João VI; por intimativas de Lisboa, nomeia regente do Brasil seu filho

D. Pedro (devido à agitação popular no Rio, Pará e na Baía, de

inspiração liberal) e volta a Portugal. Aqui, as Cortes Gerais,

preocupadas com os acontecimentos brasileiros e a ascendência a reino da

antiga colónia, pensam mandar o infante D. Pedro em viagem pela Europa.

Mas antes que o regente do Brasil tomasse conhecimento, escreve ele a

seu pai acerca das ideias de independência que alastravam no Brasil, e

das quais D. Pedro viria a ser uma pedra fundamental: com efeito, a

independência cobrir-se-ia com D. Pedro que, a dada altura, se teria

convencido que em vez de movido, era o motor dos acontecimentos.

Em 7 de Setembro de 1822, o regente proclamava formalmente a independência brasileira, junto ao lpiranga (estado de São Paulo), sendo, mais tarde,
proclamado imperador do Brasil. Quando em 1826, D. João VI morre

imprevistamente, e se abre o problema da sucessão, o imperador

brasileiro passa a ser uma das personagens fundamentais do drama

nacional, que principiou a desenrolar-se e que termina em 1834 com a

vitória dos liberais. D. Pedro foi proclamado rei de Portugal, conforme

as determinações paternais. No decurso do seu breve e longínquo reinado,

confirma D. Isabel Maria na regência, e outorga aos seus súbditos uma

Carta Constitucional e abdica, condicionalmente, em sua filha D. Maria

da Glória, com a condição do casamento desta com seu tio D. Miguel,

ausente em Viena de Áustria, e que devia jurar a Carta. Após a doação da

Carta os acontecimentos precipitaram-se: em Portugal, D. Miguel começa a

governar como rei absoluto (1827), os liberais expatriados, presos ou a

espernearem nas forcas; no Brasil, o choque, cada vez mais patente entre

os sopros dos ventos liberais, e o autoritarismo do imperador, arrasta-o

à gradual perda de prestígio e à dramática abdicação em seu filho D.

Pedro II (7-4-1831).

Tendo abdicado duas coroas, o ex-imperador do Brasil e ex-rei de Portugal, reduzido ao título de duque de Bragança, abandona o Brasil e dirige-se
para a Europa com a filha D. Maria II, rainha de nome, por cujo trono se

batiam os liberais portugueses espalhados pela Europa, ou reunidos na

ilha Terceira. O duque de Bragança decide empenhar-se pessoalmente na

solução do pleito e a 3 de Março de 1832 assume a regência e nomeia um

ministério do qual faz parte Mouzinho da Silveira. Data de então a fase

decisiva da luta entre liberais e absolutistas, caracterizada,

fundamentalmente, pela revolucionária legislação de Mouzinho e pelo

entusiasmo e abnegação de D. Pedro, na preparação da expedição militar

que, dos Açores, chegará às costas portuguesas (no Norte, próximo de

Mindelo), para sentar no trono a jovem soberana e impor a Carta. E nos

longos meses do cerco do Porto que o regente, não obstante os defeitos

de carácter e de educação, dá a plena medida da pertinácia e dedicação

pela causa que encabeçava. A convenção de Évora Monte põe fim a esta

cruel guerra civil, e exila o rei absoluto. Pouco mais viveria D. Pedro:

só o tempo suficiente para ver as Cortes reunidas de acordo com a carta,

tendo falecido 4 dias após o começo do reinado de D. Maria II; apenas

com 36 anos. Apaixonado, incoerente e corajoso, o nome e a actuação de

D. Pedro são indissociáveis da experiência liberal portuguesa, que

assinala o início do Portugal contemporâneo: mal ou bem, melhor ou pior,

o possível Portugal contemporâneo e europeu principiou aí.

Ficha genealógica:

D. Pedro IV nasceu no Palácio de Queluz a 12 de Outubro de 1798, recebendo o nome de Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal
Serafim de Bragança e Bourbon, tendo falecido no mesmo palácio, a 24 de

Setembro de 1834, foi sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora, sendo

transladado para o Brasil em 1972.

Foi o 1.º imperador do Brasil, de 1822 a 1831, abdicando do trono para vir à Europa defender os direitos de sua filha D. Maria da Glória ao trono português. Guardou então para si o título de duque de
Bragança.

Casou em 1817 com D. Maria Leopoldina Josefa Carolina, que nasceu a 22 de Janeiro de 1797, e faleceu no Rio de Janeiro, a 11 de Dezembro de 1826, filha de Francisco I e de D. Maria Teresa, últimos
imperadores do Sacro Império Romano Germânico , e primeiros da Áustria.

Do casamento nasceram:

1. D. Maria da Glória, que sucedeu no trono;

2. D. Miguel. Nasceu e faleceu no Rio de Janeiro, a 24 de Abril de 1820;

3. D. João Carlos. Nasceu no Rio de Janeiro a 6 de Março de 1821, e faleceu na mesma cidade a 4 de Fevereiro de 1822;

4. D. Januária Maria. Nasceu no Rio de Janeiro, a 11 de Março de 1822, e faleceu em Nice, França, em 13 de Março de 1901. Casou em 1844 com Luís Carlos Maria José de Bourbon, nascido em Nápoles,
a 19 de Julho de 1824, e morreu em Paris, a 5 de Março de 1897, filho de

Francisco I, rei das Duas Sicílias;

5. D. Paula Mariana. Nasceu no Rio de Janeiro, a 17 de Fevereiro de 1823, e faleceu na mesma cidade, em 16 de Janeiro de 1833;

6. D. Francisca Carolina. Nasceu a 2 de Agosto de 1824, no Rio de Janeiro, e morreu em Paris, a 27 de Março de 1898. Casou em 1843 com Francisco Armando Filipe Luís Maria de Orléans (1818-1900),
filho de Luís Filipe e de D. Maria Amélia, reis dos Franceses, e

príncipe de Joinville e duque de Pentièvre;

7. D. Pedro. Nasceu no paço de São Cristóvão do Rio de Janeiro, a 2 de Dezembro de 1825, tendo recebido o nome de Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de
Paula Leocádio Miguel Rafael Gonzaga, tendo falecido em Paris a 5 de

Dezembro de 1891. Foi sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora, tendo

sido transladado para o Brasil, estando sepultado na catedral de

Petrópolis.

Ascendeu ao trono do Brasil, por abdicação de seu pai, em 7 de Abril de 1831. Casou em 1843 com D. Teresa Cristina de Bourbon, nascida em Nápoles no dia 14 de Março de 1822, tendo falecido no Porto
em 28 de Dezembro de 1889, filha de Francisco I, rei das Duas Sicílias,

e de D. Maria Isabel de Bourbon, com geração.

D. Pedro IV casou em segundas núpcias, em 1829, com D. Amélia de Beauharnais, nascida em Milão em 31 de Julho de 1812, e falecida em Lisboa, no Palácio das Janelas Verdes, em 26 de Janeiro de
1873, filha de Eugénio de Beauharnais, então vice-rei de Itália, filho

do primeiro casamento de Josefina, Imperatriz dos Franceses, e da

princesa Augusta Amélia, filha de Maximiano José I, rei da Baviera.

Do casamento nasceram:

8. D. Maria Amélia. nasceu em paris, a 1 de Dezembro de 1831, e morreu no Funchal, a 4 de Fevereiro de 1853, sendo sepultada na quinta do Lambert e mais tarde transladada para o Panteão
de S. Vicente de Fora. Morreu solteira;

9. Vários filhos de outras ligações.

D. Miguel



D. Miguel




Terceiro filho de D. João VI e de D. Carlota Joaquina. Regressou à Metrópole com a corte vindos do Brasil no
momento em que se ensaiava no País a primeira experiência liberal à qual

a rainha e os seus apoiantes reagiram vivamente por manejos

anti-revolucionários.

D. Miguel tomou o partido da mãe e hostilizou o pai assumindo atitudes políticas cada vez mais definidas,
tendo encabeçado o Partido tradicionalista. Foi o executor dos

movimentos da Vila-Francada e da Abrilada. O primeiro constituiu um

espectacular triunfo político que o elevou a comandante-chefe do

exército português. Após o segundo o rei demite o filho do alto posto

ocupado e ordena o seu exílio.

Vive quatro anos em Viena de Áustria. D. Pedro IV, após a morte de D. João VI, herdeiro do trono e já
imperador do Brasil, outorga a Carta Constitucional e abdica em sua

filha D. Maria da Glória que casaria, uma vez chegada à maior idade, com

D. Miguel seu tio. O país era governado por uma regência da presidência

da infanta D. Isabel Maria. D. Miguel aceitou tudo quanto lhe foi

proposto: jurou a Carta, celebrou esponsais com a sobrinha, protestou

respeito e obediência a D. Pedro e à regente – e esperou. Malogrado o

projecto de deslocar D. Miguel para o Brasil D. Pedro IV nomeia-o seu

lugar-tenente em Portugal.

Chegado a Lisboa jura de novo a Carta, assume a regência e nomeia novo ministério. Dias depois dissolve as
Câmaras. Da reunião das Cortes, para isso especialmente convocadas,

resulta a aclamação de D. Miguel como rei absoluto. Após a assinatura da

Convenção de Évora-Monte, que pós termo à guerra civil derimida a favor

de D. Pedro e dos liberais, D. Miguel terminou o breve e contestado

reinado regressando ao exílio donde não mais voltou.


Ficha genealógica:

D. Miguel nasceu no Palácio de Queluz, a 26 de Maio de 1802, recebendo o nome de Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael
Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo, e faleceu em Carlsruhe, na

Alemanha, a 14 de Novembro de 1866. Está sepultado no Convento dos

Franciscanos de Engelberg.

Casou em 1851 com a princesa Adelaide de Loewenstein-Wertheim-Rosenberg, nasceu em Kleinhenbach, a 3 de Abril de 1831; faleceu em Cowes, Inglaterra, a 16 de Dezembro de 1909, filha do
príncipe Constantino José e de sua mulher Maria Luísa Henriqueta,

princesa de Hohenlohe-Langenburgo. Do casamento nasceram:

1. D. Maria das Neves. Nasceu no Castelo de Heubach, a 5 de Agosto de 1852; faleceu em Viena de Áustria, a 15 de Fevereiro de 1941. Casou a 26 de Abril de 1871 com o príncipe D. Afonso
Carlos de Bourbon, que nasceu em Londres, a 12 de Setembro de 1849, e

faleceu em Viena, a 29 de Setembro de 1936, pretendente carlista à coroa

de Espanha;

2. D. Miguel, herdeiro legitimista à coroa de Portugal, com o título de D. Miguel II. Nasceu em Kleinenbach, a 19 de Setembro de 1853; faleceu em Seebenstein,
na Áustria, a 11 de Outubro de 1927). Casou em 1877 com a princesa

Isabel de Thurn e Taxis (n. em 28 de Maio de 1860; f. a 7 de Fevereiro

de 1881), filha do príncipe Maximiliano de Thurn e Taxis e de sua

mulher, a princesa Helena, duquesa na Baviera. Casou em segundas

núpcias, a 7 de Novembro de 1893, com a princesa Maria Teresa Sofia Pia

Ana Melchiora (n. em Roma, a 4 de Janeiro de 1870; f. em Viena, a 16 de

Janeiro de 1935), filha do príncipe Carlos de

Loewenstein-Wertheim-Roserrberg e da princesa Sofia de Liechstein. Com

descendência dos dois casamentos.

3. A infanta D. Maria Teresa. Nasceu em Kleinheubach, a 24 de Agosto de 1855; faleceu em Viena, a 12
de Fevereiro de 1944). Casou a 23 de Julho de 1873 com Carlos Luís de

Habsburgo (n. em Schoenbrunn, a 30 de Julho de 1833; f. em Viena, a 19

de Maio de 1896), arquiduque de Áustria e príncipe real da Hungria,

irmão do imperador Francisco José. Com descendência.

4. A infanta D. Maria José. Nasceu em Bronnbach, a 19 de Março de 1857; faleceu em Viena, a 11 de Março de
1943). Casou a 29 de Abril de 1874 com Carlos Teodoro, duque da Baviera

(n. em Possenhofen, a 9 de Agosto de 1839; £ em Kreuth, a 30 de Novembro

de 1909), filho do duque Maximiliano e da duquesa Luísa, princesa real

da Baviera. Com descendência.

5. A infanta D. Aldegundes. Nasceu. em Bronnbach, a 10 de Novembro de 1858; faleceu em Gunten, na Suíça, a 15 de Abril de 1946). Casou em
15 de Outubro de 1876 com Henrique de Bourbon-Parma (n. em Parma, a 12

de Fevereiro de 1851; f. em Menthon, a 14 de Abril de 1905 ), conde de

Bardi e filho de Carlos III, duque de Parma, e de sua mulher a duquesa

Luísa de Bourbon-Artois. Sem descendência.

6. A infanta D. Maria Ana. Nasceu em Bronnbach, a 13 de julho de 1861; faleceu. em Nova Iorque, a 31 de
Julho de 1942). Casou em 21 de Abril de 1893 com Guilherme Alexandre (n.

Biebrich, a 22 de Abril de 1852; f. em Berg, a 25 de Fevereiro de 1912),

filha do grão-duque Adolfo e de sua mulher Adelaide, grã-duquesa do

Luxemburgo. Com descendência.

7. A infanta D. Maria Antónia. Nasceu em Bronnbach, a 28 de Novembro de 1862; faleceu em Berg, no Luxemburgo, a 14 de Maio de 1959). Casou em
15 de Outubro de 1884 com Roberto de Bourbon (n. em Florença, a 9 de

Julho de 1848; f. em Pianore, a 16 de Novembro de 1907), filho de Carlos

III e de Luísa, duques de Parma. Com descendência.

D. Maria II



D. Maria II




Contava apenas 7 anos, quando seu pai, D. Pedro IV, abdicou do trono de Portugal em seu favor, em Abril de 1826.

Devia casar, logo que tivesse idade, com o tio, D. Miguel, nomeado regente e lugar-tenente do reino, o que foi aceite pelo Infante, em Julho de 1826, assumindo a
regência, ao chegar a Lisboa, em Janeiro de 1828, após ter jurado

fidelidade à rainha e à Carta Constitucional.

D. Maria foi enviada para a Europa em Julho de 1828, para defender os seus direitos ao trono, tendo ficado a residir em Londres, e a partir de 1831 em França.

Só em 24 de Setembro de 1834, com o fim da Guerra Civil, tendo quinze anos de idade, assumiu o governo do País.

Casou em 1835 com Augusto de Leuchtenberg, filho de Eugénio de Beauharnais, e neto da Imperatriz Josefina, primeira mulher de Napoleão Bonaparte, irmão mais velho da
segunda mulher de D. Pedro IV, mas que morreu logo em Março desse ano.

Neste ano pôs-se à venda todos os bens de raiz nacionais, pertencentes à Igreja Patriarcal, às Casas das Rainhas e do Infantado, das corporações religiosas já extintas
e das capelas reais.

D. Maria casou segunda vez com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, irmão do rei dos Belgas, Leopoldo I, e primo do marido da rainha Vitória da Inglaterra, o príncipe Alberto. O
casamento realizou-se em 9 de Abril de 1836.

Durante o seu curto reinado, passado num dos mais conturbados períodos da nossa história, o das lutas entre liberais e absolutistas, vários acontecimentos
históricos se passaram: a Guerra Civil, a revolução de Setembro, a

Belenzada, Revolta dos Marechais, a Maria da Fonte, a Patuleia.

Sucedeu-lhe o seu filho mais velho, D. Pedro V.

Ficha genealógica:

D. Maria II nasceu no Rio de Janeiro, no Palácio de S. Cristóvão, a 4 de Abril de 1819, recebendo o nome de Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora
Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga. Morreu no Palácio das Necessidades, a

15 de Novembro de 1853, em consequência de parto.

Casou em primeiras núpcias com D. Augusto de Leuchtenberg, nascido em Munique a 9 de Dezembro de 1810, tendo morrido em Lisboa a 28 de Março de 1835, duque e príncipe de Leuchtenberg e de
Santa Cruz, filho de Eugénio de Beauharnais, então vice-rei de Itália,

e da princesa Augusta Amélia, filha de Maximiliano José I da Baviera.

Não tendo havido descendência.

Voltou a casar em Lisboa, a 9 de Abril de 1836, com D. Fernando Augusto, nascido em Coburgo a 29 de Outubro de 1816, e falecido em Lisboa, a 15 de Dezembro de 1885, filho de Fernando Augusto, príncipe
e duque de Saxe Coburgo Gotha e de sua mulher Maria Antonieta Gabriela,

princesa de Koari.

Do casamento nasceram:

1. D. Pedro V , que sucedeu no trono;

2. D. Luís, duque do Porto, que em 1861 sucedeu a seu irmão;

3. D. Maria. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 4 de Outubro de 1840, tendo falecido no mesmo dia;

4. D. João. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 16 de Março de 1842, e faleceu no Palácio de Belém em 27 de Dezembro de 1861. Era Duque de Beja e de Saxe Coburgo Gotha;

5. D. Maria Ana. Nasceu no Palácio das Necessidades, a 21 de Agosto de 1843, e faleceu em Dresda, a 5 de Fevereiro de 1884. Casou em Lisboa, a 11 de Maio de 1859, com Frederico
Augusto (1832-1904) que foi rei da Saxónia, com o nome de Jorge III. Com

descendência;

6. D. Antónia. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 17 de Fevereiro de 1845, e morreu em Sigmarinen, a 27 de Dezembro de 1913. Casou em Lisboa, a 12 de Setembro de 1861, com
Leopoldo Estevão Carlos (1835-1905), príincipe de Hohenzollern. Com

descendência;

7. D. Fernando. Nasceu em Lisboa, no Palácio de Belém, em 23 de Julho de 1846, e faleceu no Palácio das Necessidades, a 6 de Novembro de 1861, estando sepultado no Panteão Real de S. Vicente
de Fora.

8. D. Augusto. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 4 de Novembro de 1847, e faleceu no mesmo local a 26 de Setembro de 1889.Está sepultado no Panteão Real de S. Vicente de Fora.
Foi duque de Caminha e de Saxe Coburgo Gotha;

9. D. Leopoldo. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 7 de Maio de 1849, tendo falecido no mesmo dia;

10. D. Maria. Nasceu no Palácio das Necessidades, em 3 de Fevereiro de 1851, e morreu no mesmo dia.

11. D. Eugénio. Nasceu no palácio das Necessidades, a 15 de Novembro de 1853, e faleceu no mesmo dia.

D. Pedro V



D. Pedro V




Nasceu em Lisboa a 16 de Setembro de 1837, filho primogénito de D. Maria II e de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota.

Reconhecido príncipe real e sucessor da coroa de Portugal pelas Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes, em sessão de 26 de Janeiro de
1838; sucede a sua mãe em Novembro de 1853; até à sua maioridade governa

seu pai como regente. E aclamado rei aos 18 anos e presta juramento

perante as cortes Gerais. Os dois anos antes de começar a governar

passou-os em viagens pelo estrangeiro, completando assim a educação

primorosa cuidada que sua mãe na história conhecida pela «A Educadora»

lhe fez ministrar. Ela própria dirigiu o ensino dos primeiros anos.

Desde novo manifestou uma inteligência e vontade de saber fora do vulgar, a que uma poderosa memória contribuiu para um brilho excepcional de
personalidade. Das suas viagens deixou-nos um relato em dois volumes -

Diário - publicados pela Academia das Ciências e

integrados na obra Escritos de El-Rei D. Pedro V. O Diário tem um grande

interesse para o estudo da figura humana do rei e para o conhecimento da

Europa sua contemporânea. Dedicou a sua vida ao progresso e ao bem-estar

do país, apesar de atormentado pelos contínuos flagelos de ordem pública

e particular – as epidemias, as grandes inundações, a morte da esposa, a

sombra militante de Saldanha. Mesmo assim consegue dar novo ritmo à vida

portuguesa mercê do seu espírito liberal e progressista que tem de lutar

com o tradicional reaccioarismo nacional. Dedica grande parte do tempo

aos problemas da educação, que considera fundamental para que se note a

mínima parcela de progresso; os assuntos relacionados com a indústria, a

agricultura, os melhoramentos públicos, a política internacional, etc.,

preocupam-no a todo o instante.

Pode considerar-se o jovem rei como o primeiro homem moderno que em Portugal testemunhou em escritos do seu punho o significado da sua época, o
conhecimento do seu país e dos seus homens. Morto prematuramente, apenas

com 24 anos, a sua morte enlutou verdadeiramente o reino. Bulhão Pato

diz: «Foi a primeira vez que vi A. Herculano chorar como uma criança».

(Memórias, vol. II.)

Ficha genealógica:

D. Pedro V nasceu no Palácio das Necessidades, a 16 de Setembro de 1837, recebendo o nome de Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael
Gonzaga Xavier João António Leopoldo Vítor Francisco de Assis Júlio

Amélio; morrendo no mesmo local, a 11 de Novembro de 1861.

Casou em 18 de Maio de 1858 com a princesa Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen (nasceu em Dresda, a 15 de Julho de 1837, e
morreu em 17 de Julho de 1859; sepultada no Panteão Real de S. Vivente

de Fora), filha de Carlos António, príncipe de Hohenzollern-Sigmaringen,

e de sua mulher Josefina Frederica Luísa, filha do grão-duque de Baden.

O consórcio não teve descendência.

D. LUÍS


D. Luís I

D. Luís I




Filho segundo de D. Maria II (1819-1853) e de D. Fernando III (1816-1885). Assumiu o governo a 14 de Outubro de 1861, tendo casado com D. Maria de
Sabóia. Era primorosamente educado, com temperamento de literato e

artista. Embora tivesse dominado a paz no reinado, houve um levantamento

de tropas, em 1862 e em finais de 1867 o movimento da Janeirinha e em 19

de Maio de 1870, o duque de Saldanha impôs a demissão do governo, e

passou a assumir a presidência do novo ministério.


Em 1865-1866 a vida mental foi sacudida pela Questão Coimbrã e em 1871 surgiu a iniciativa das Conferências Democráticas do Casino. Realizam-se
as viagens ao interior da África, o major Serpa Pinto de Benguela ao Bié,

Zambeze e chegou às cataratas de Vitória. Hermenegildo Capelo e Roberto

Ivens exploraram o sertão de Benguela e atravessaram a África de Luanda

a Tete.

A partir de 1876 o Partido Progressista aspira a articular o Estado segundo a teoria liberal, propondo a reforma da Carta, a
descentralização administrativa, a fidedignidade e ampliação do sufrágio

eleitoral, a reorganização do poder judicial e da contabilidade pública.

Em 1877 demitiu-se o ministério regenerador de Fontes Pereira de Melo e

voltou a ser reintegrado. Posteriormente os progressistas atacaram o

rei, acusando-o de patrocinar os regeneradores (Emídio Navarro, no

Progresso, Joaquim Martins de Carvalho, no Conimbricense). O ministério

regenerador caiu, em 1879, e D. Luís chamou os progressistas a formar

governo. O republicanismo evoluíra também e em 1878 toma lugar na Câmara

o primeiro deputado republicano, Rodrigues de Freitas, eleito pelo

Porto. Em 1880 o Partido Republicano era uma realidade e uma força.

O reinado de D. Luís assinalou-se materialmente pelo progresso, socialmente pela paz e pelos sentimentos de convivência e politicamente
pelo respeito pelas liberdades públicas, intelectualmente por uma

geração notável (Eça de Queiroz, Antero de Quental, etc.).

Ficha genealógica:

D. Luís I nasceu no Palácio das Necessidades, a 31 de Outubro de 1838, tendo recebido o nome de Luís Filipe Maria Fernando Pedro de Alcântara
António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João

Augusto Júlio Valfando, e morreu na Cidadela de Cascais, a 19 de Outubro

de 1889, tendo sido sepultado no Panteão Real de S. Vicente de Fora).

Casou em Lisboa a 6 de Outubro de 1862 com a princesa Maria Pia de

Sabóia (n. em Turim, a 16 de Outubro de 1847; f. no Castelo de Stupinigi,

no Piemonte, a 5 de Julho de 1911; sepultada na Basílica de Superga, na

Itália), filha do rei Vítor Manuel II da Sardenha e de sua mulher a

arquiduquesa Maria Adelaide. Do consórcio nasceram:


1. D. Carlos, que sucedeu no trono.

2. O infante D. Afonso Henriques (n. no Paço da Ajuda, a 31 de Julho de 1865; f. em Nápoles a 21 de Fevereiro de 1920). Casou morganaticamente
em Roma, a 26 de Setembro de 1917, com Nevada Stoody Hayes, que passou a

chamar-se Nevada de Bragança (n. em Ohio a 21 de Outubro de 1885; f. em

Tampa, na Florida, a 11 de Janeiro de 1941).

D. MANUEL II


D. Manuel II

D. Manuel II




Nasceu em Lisboa e morreu em Inglaterra. Foi o último monarca de Portugal tendo governado de 1908 a 1910.

Filho de D. Carlos e de D. Amélia de Orleães. Devido ao regicídio e morte violenta do príncipe real D. Luís Filipe, começou a reinar (1-2-1908).

Reunido o Conselho de Estado, nomeou-se um governo de concentração partidária, com excepção dos partidários do anterior ditador Franco. Na
política interna, teve que enfrentar dois problemas, que puseram em

descrédito a política governamental: a questão Hilton, provocada pelo

súbdito inglês, residente na Madeira, que reclamava uma indemnização do

Estado Português, em virtude de uma pretensa revogação do monopólio do

açúcar e do álcool da ilha da Madeira, e também a do Crédito Predial,

provocada pelo desfalque naquela instituição.

D. Manuel II procurou ir ao encontro das reivindicações operárias, chamando Léon Poinsard para estudar as possibilidades duma reforma das condições
económicas e sociais do país. Duplicou o número de deputados

republicanos por Lisboa no ano de 1910. Com efeito nas eleições

municipais de Lisboa de 1908, os Republicanos elegeram uma câmara

municipal de 100% sua e nas eleições de 1910 os Republicanos ganharam em

Lisboa e em vários círculos. D. Manuel constituiu assim um governo

caracterizado pela transigência e brandura para os Republicanos.

Em política externa procurou estabelecer boas relações com a Espanha e a Inglaterra. No dia 3 de Outubro de 1910 rebentou uma revolta republicana
em Lisboa que triunfou em 5 de Outubro, e D. Manuel decide-se por

Plymouth. No exílio manteve-se interessado pela política de Portugal,

advogando a entrada do nosso país ao lado dos aliados na primeira guerra

mundial. Por volta de 1914 os Monárquicos, aproveitando o governo mais

tolerante de Bernardino Machado, formaram a causa Monárquica, que

aspirava a estabelecer novamente o regime deposto. Gozava de toda a

confiança e apoio do rei D. Manuel II, que nomeou um lugar-tenente

(Azevedo Coutinho, Aires de Ornelas, etc.).

Ficha genealógica:

D. Manuel II nasceu. no Palácio de Belém, a 19 de Março de 1889; recebendo o nome de Manuel
Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gonzaga Xavier Francisco

de Assis Eugénio, e morreu em Twickenham, Inglaterra, a 2 de Julho de

1932, tendo sido sepultado no Panteão Real de S. Vicente de Fora. Casou

em 4 de Setembro de 1913 com a princesa Augusta Vitória (n. em Potsdam,

a 19 de Julho de 1890; f. em data posterior a 1955), filha do príncipe

Guilherme de Hohenzollern e de sua primeira mulher, Maria Teresa,

princesa de Bourbon-Sicilias. O consórcio não teve descendência. Por

morte de D. Manuel II, a viúva casou em segundas núpcias, no ano de

1939, com o nobre escocês Dr. Roberto Douglas, que faleceu em 25 de

Agosto de 1952.